quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Desiderato do Espiritismo

                                                                                 

O DESIDERATO DO ESPIRITISMO
António Eduardo Lobo de Vilela


O telescópio abriu ao homem , no seu processo de evolução, o campo incomensurável do Cosmos, revelando-lhe a grandiosidade da Criação, enquanto o microscópio ensejou-lhe a penetração no reino da vida infinitamente pequena, a movimentar-se, vibrante, como parte constitutiva e essencial da realidade biológica.

O material fez-se a visibilidade do invisível,ensejando ao homem o encontro com a energia.

De Hertz, com as oscilações das ondas que detetou, aos concepcionistas, assim como Newton com a gravitação universal aos astronautas e suas bólides espaciais, todo o mundo, antes inabordável, tornou-se compreendido na sua constituição estrutural e mecânica dos elementos.

Das bisonhas e tímidas experiências experiências, o homem passou às técnicas de computação, saindo do campo visual para o campo matemático-conceptivo, descortinando todo o universo que foge aos dados tradicionais e cuja realidade é penetrada somente por meio de deduções e raciocínios, por transcender ao objetivo, ao conhecido.

O espiritismo,por sua vez, levou o homem ao mundo parafísico, utilizando-se dos instrumentos da mediunidade, que tem sido dissecada nesses últimos 126 anos, depois dos experimentos de Allan Kardec, que fez uso da singeleza das "mesas girantes", seu laboratório inicial, para os altos conceitos da imortalidade, que vem sendo contatada pelas modernas ciências psíquicas e psicobiofisicas, que reformam as antigas conclusões do materialismo.

A vida humana decorre do sentimento e da razão, não podendo a inteligência negar-se a refletir a emoção.

O Espiritismo não veio combater nenhuma Escola de pensamento ou de fé, nem mesmo o materialismo, mas demonstrar, em nome da ciência que investiga, a sobrevivência do ser após a morte, a origem e o destino do Espírito, a necessidade das suas experiências evolutivas no mundo físico, por meio do corpo, tanto quanto as relações que existem entre a vida orgânica e a espiritual.

O Espiritismo não se apoia em ética pessimista para negar o valor, à excelência da vida física,

muito pelo contrário, apresenta e demonstra, no campo racional, sua utilidade para o processo de evolução e aperfeiçoamento do ser inteleto-moral.

Nos jogos do mal aparente é que se afirma e se define o bem real, do engano surgindo a certeza, e da ilusão nascendo a realidade, como a demonstrar que da noite da matéria resplende a Luz do Espírito.

Os enigmas da vida são explicáveis pelo descortino da alma que é a autora dos acontecimentos que a envolvem.

O Espiritismo opõe-se às doutrinas fixas, seja no materialismo,ou no espiritualismo, afirmando o processo de contínuo descobrimento de realidades mais profundas ainda ignoradas, embora as amplas revelações de que se fez objeto, conforme ocorre com a ciência, cada dia adentrando-se mais no bojo dos fenómenos cósmicos e biológicos, físicos e químicos, aprimorando os métodos e as técnicas que desvelam os mistérios resultantes da ignorância das leis vigentes na natureza, que constituem a harmonia de uma criação perfeita e extraordinariamente superior.

O mundo físico e o mundo espiritual são termos da mesma equivalência moral, assim como a vida e a morte, em um contexto da vida, os pólos magnéticos positivo e negativo, transmitindo a corrente da energia que vibra e se expande .

O pensamento, a palavra e o ato são processos de elaboração do conhecimento em fases de manifestação, até alcançar a edioplasmia que dispensa as formas para atingir a realização em mecanismo superior.

O homem supera, com o conhecimento do Espiritismo, a forma e penetra, pouco a pouco, na percepção, na intuição da verdade que o desafia e na qual se integrará, CHISPA divina que ele é, no seu potencial intrínseco.

Mediante o Espiritismo, o homem abre o campo do limitado, partindo do impulso sensorial e avançando para o ilimitado, mediante um progresso indefinido e incessante a respeito da vida, que é inviolável na sua mais grandiosa manifestação e profundidade anteriormente não considerada,

Antes, o homem se utilizava das vias sensoriais para constatar e adaptar-se no mundo. Agora, por meio da percepção intuitiva e mediúnica, penetra nas fronteiras da vida subjetiva e descobre a realidade maior e mais bem elaborada, donde veio e para onde retornará, preparando-se, desde logo, para esse cometimento final,libertador.

Psicografia: Divaldo Franco
Espírito: António Eduardo Lobo Vilela
Nasceu em Vila Viçosa a 25 de fevereiro de 1902
Desencarnou em Lisboa a 25 de março de 1966

Sem comentários: